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18 Jul 2023
Masterplan da Senhora da Saúde em consulta pública
Município quer um santuário mais integrado e com uma nova dimensão de parque
O Município de Gaia colocou em consulta pública o masterplan da Senhora da Saúde, que surge com o grande objetivo de assegurar uma dimensão de parque ao santuário, englobando diferentes atividades – não só a religiosa, com a oração, a peregrinação e a romaria, como também a comercial, valorizando as estruturas existentes através da sua renovação. A intervenção tornará o santuário, bem como toda a área envolvente, um local mais atrativo, ganhando dimensão e transformando-o num verdadeiro parque para todos. Até ao final de setembro, todos podem enviar os seus contributos para presidente.direto@cm-gaia.pt.
Na apresentação dos principais traços e objetivos do projeto, na noite de 18 de julho, o presidente da Câmara Municipal explicou denominar-se um "masterplan não por ser megalómano, mas por ser integrado e de longa duração”, o que justifica, também, que alguns dos pilares da intervenção fiquem desde já definidos no PDM. O objetivo do projeto, adiantou Eduardo Vítor Rodrigues, é transformar o santuário num "complexo muito mais integrado do que hoje se nos oferece”. O autarca valorizou o momento de ouvir as pessoas e proporcionar a sua participação e exortou todos a "olharem para este local e perceberem o que queremos dele, hoje e amanhã”. Este é um "plano integrado para a Igreja, para a comunidade, para a cidade e para a região”, prosseguiu, concluindo que, por isso mesmo, "exige de nós uma responsabilidade acentuada de fazermos um grande trabalho e um projeto que nos orgulhe a todos e represente um legado para as gerações vindouras”.
Uma das novidades do masterplan da Senhora da Saúde passará pela construção de uma cripta por baixo do adro da igreja, um novo espaço de oração com capacidade para albergar um maior número de pessoas que permitirá libertar o espaço exterior do santuário. A intervenção deverá, também, implicar a demolição da casa de cera, por forma a que o santuário seja o elemento principal e de exceção neste local.
A equipa municipal que está a desenvolver este projeto pretende prolongar, de forma reta, a alameda do santuário, não só até ao cruzeiro ali existente, mas também até à Estrada Nacional n.º 1. O cruzeiro será, assim, um elemento essencial quer na ligação da alameda à Nacional 1, quer para o eixo de ligação à capela de São Bartolomeu que também deverá ser construído, por forma a ligar estes dois edifícios religiosos.
Há, ainda, a intenção de criar uma harmonia entre os edifícios de apoio – serviço de restauração, parque com equipamentos de lazer da romaria –, hoje desatualizados quer em termos de imagem, quer no que toca às suas próprias funcionalidades. Uma intervenção que implicará a renovação e valorização destas estruturas e que pode incluir a sua relocalização, uma vez mais com o objetivo de se alargar o âmbito religioso do espaço para uma vivência como parque da Senhora da Saúde.
O "novo” santuário contemplará, assim, um parque de merendas, zona de restauração, um parque infantil, um espaço de exposição eventualmente associado à parte arqueológica e uma zona com equipamentos desportivos de manutenção, para fomentar um estilo de vida saudável. Tendo em conta a diversidade destas valências, a que se soma também a vertente comercial das feiras, será feito um esforço para conseguir uma fórmula através da qual cada um dos espaços, independentemente da sua utilização, não "abafe” ou perturbe os outros.
Já no que diz respeito à capela de São Bartolomeu, o objetivo passa por fortalecer a sua localização, com vistas únicas e privilegiadas, respeitando a parte religiosa e introduzindo alguma vivência de miradouro. Toda a envolvente à capela será melhorada, num arranjo que incluirá o prolongamento da escadaria, dando-lhe outra dimensão.
De acordo com o arquiteto do Município que está a desenvolver o projeto, "o Masterplan da Senhora da Saúde é, em certo sentido, uma atitude religiosa, séria, profunda, rigorosa e com verdade e integridade: uma rocha contra o existente, com fé constante na própria missão”. Francisco Maganete explica que esta obra permitirá "uma evolução que não é apenas sobre tecnologia e materiais, mas uma evolução total que é simultaneamente material e espiritual, moderna e antiga, antropológica e ecológica”. Pretende-se, conclui, "substituir o que está a mais”, permitindo "despertar a consciência do divino que é inata na alma. Assim, a arquitetura abre espaço para o espiritual no Homem”.