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O testemunho na primeira pessoa do 25 de Abril de 1974
Notícias e Destaques 02 Mai 2024 O testemunho na primeira pessoa do 25 de Abril de 1974 Conferência incluiu apresentação do livro «GaiAbril 50 anos»
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O Quartel da Serra do Pilar acolheu a 1 de maio a conferência «25 de Abril na Primeira Pessoa», um momento de partilha que contou com os inestimáveis testemunhos de dois capitães de Abril: Coronel Nuno Guilherme Catarino Anselmo e Coronel João António Heitor Alves, numa conversa moderada pela professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Helena Lima. 

"Esta conferência é uma partilha de testemunhos vivos de um acontecimento que marcou a nossa história recente do 25 de Abril de 1974. Em parceria com o Exército português, convidamos dois militares que participaram ativamente na Revolução dos Cravos e que o fizeram a partir desta unidade de Vila Nova de Gaia, onde estavam destacados”, começou por dizer Hermenegilda Silva, diretora municipal de Administração Geral e Arquivo, num enquadramento geral do momento que se seguiu. 

Nuno Anselmo, por altura do 25 de Abril de 1974, estava colocado na unidade da Serra do Pilar como capitão. João Heitor Alves também estava colocado na unidade da Serra do Pilar, sendo que depois da Revolução, seguiu para Moçambique, no período da descolonização. "Ambos têm uma longa carreira de dedicação ao Exército, múltiplas missões e cargos na sociedade civil. Ambos têm uma experiência riquíssima para partilhar connosco”, afirmou Helena Lima que dedicou ainda a sua intervenção ao papel que a comunicação social desempenhou durante este período. "A história dos jornais do Porto mostra-nos que, apesar das dificuldades pelas quais passaram, a seriedade manteve-se e eu penso que se mantém. O jornalismo é essencial para que possamos estar aqui a celebrar e para que as gerações percebam essa liberdade”, disse. 


Nuno Anselmo começou por um profundo agradecimento. "Agradeço a possibilidade de hoje, passado um pouco mais de 50 anos, voltar ao local onde passei o quinto dia mais importante da minha vida”, continuando a partilha desses momentos: "após alguns dias de permanência aqui na unidade, comecei a constatar que algo se passava e que os oficiais do Exército se estavam a reunir e a debater os problemas que existiam em Portugal, relacionados com a guerra em Angola, Guiné e Moçambique e com o nosso isolamento internacional. As reuniões foram-se fazendo e eu fui seguindo com atenção o evoluir da situação”, partilhou, até ao momento em que decidiu colaborar na preparação da Revolução. A unidade em que estava inserido teve como missão "ocupar a Ponte da Arrábida com uma bateria de artilharia, ocupar a estação de rádio de Miramar”, entre outras funções. 

Para Heitor Alves, foi nesta unidade (regimento de artilharia pesada 2, em Vila Nova de Gaia) que passou um dos melhores momentos da sua vida profissional. Ao longo da sua intervenção, fez uma narração cronológica dos eventos desde setembro de 1973 até novembro de 1975. "O dia 25 de novembro de 1975, que não nasceu inteiramente limpo como disse a poetisa Sophia de Mello Breyner a propósito do dia 25 de abril de 1974, mas nasceu bastante cinzento. Felizmente terminou bastante limpo, graças à atuação dos camaradas do regimento de comandos. Foi finalmente instaurada a democracia em Portugal. Viva o 25 de Abril. Viva Portugal”, concluiu.

Nesta cerimónia, Teresa Cirne, do Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, apresentou o livro «GaiAbril 50 anos 1974|2024». "O Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, atendendo à exemplaridade da data comemorada e tendo em linha de conta o espólio que possui e custodia, organizou uma narrativa dividida em cinco partes, nas quais pretendeu dar a conhecer a história desse momento decisivo, valorizando, essencialmente, toda a diversidade da documentação que detém, desde registos arquivísticos e hemerográficos. Enquadrando os acontecimentos no plano nacional, procurou-se, sempre que possível, compreender as circunstâncias históricas locais. Desta forma, foi nosso objetivo, proporcionar informação sobre o impacto que a Revolução do 25 de Abril e os respetivos valores tiveram no nosso município, quer em termos políticos, quer na vertente social”, afirmou.