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31 Jul 2024
Recolha de biorresíduos arranca no Centro Histórico
Projeto-piloto do Município abrange também a Afurada
A 1 de agosto tem início o processo de recolha de biorresíduos em Vila Nova de Gaia, com o arranque de um projeto-piloto na zona Centro Histórico/Afurada e também, de forma simbólica, nas cantinas municipais e das Águas de Gaia. Os primeiros 19 dias serão focados na sensibilização e formação dos moradores e comerciantes da restauração e hotelaria – explicar o calendário de recolha, que tipo de resíduos estão em causa, entre outros. Durante este período serão, também, entregues, gratuitamente, os contentores específicos para depositar os resíduos orgânicos. A partir de 19 agosto, começará a efetiva recolha de biorresíduos na zona abrangida por este projeto-piloto.
A expetativa, nesta fase, é atingir cerca de 1.500 clientes e, até ao final do ano, mais de mil toneladas de biorresíduos recolhidas. De acordo com o presidente da empresa municipal Águas de Gaia, "o objetivo deste projeto é iniciar a operação de recolha de biorresíduos em Gaia, por forma a contribuirmos para as metas com que Portugal está comprometido junto da União Europeia, mas também para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e da economia circular”. Miguel Lemos explica que a operação vai ter início no Centro Histórico, "porque sendo uma zona com uma grande densidade de restaurantes e hotéis, eles próprios irão beneficiar deste projeto graças à redução de contentores tradicionais, ao mesmo tempo que irão contribuir para uma maior quantidade de biorresíduos recolhidos, dando aqui uma alavanca importante ao projeto”.
Para esta fase do projeto, o investimento rondou os 500 mil euros, resultantes de uma candidatura da Área Metropolitana do Porto ao Fundo Ambiental. A verba incluiu a aquisição de duas viaturas de recolha 100% elétricas – as primeiras da Europa –, quer do ponto de vista da sua motorização, quer no que toca à operação da caixa estanque de recolha e transporte –, e ainda dos contentores, além do processo de sensibilização e da tecnologia que todo o processo implica. Os biorresíduos recolhidos pelas novas viaturas municipais serão entregues à Suldouro, onde será produzido composto de qualidade e também será possível a produção de energia. Com a implementação deste projeto, prevê-se uma redução de 40% do volume de lixo produzido.
"É um primeiro passo muito ambicioso. O presente e o futuro dos resíduos no seu todo vão ser uma missão e função importantes dos municípios, com um impacto financeiro muito grande quer para os municípios, quer para as famílias. Por isso, o que pretendemos é impactar o menos possível as famílias, mas tendo a consciência de que este setor vai ter um desenvolvimento muito grande”, acrescentou Miguel Lemos. O responsável da Águas de Gaia descreveu, ainda, que "o alargamento ao restante território do concelho vai ser iniciado a partir do final deste ano, de forma gradual”. A expetativa é que em janeiro de 2025 possa estar abrangida uma grande parte da cidade, num processo que será gradual. O objetivo final é atingir todo o concelho em 2030, num total de 43 mil toneladas de biorresíduos/ano, cumprindo, assim, o calendário definido pelo Ministério do Ambiente e pela União Europeia.
Já Eduardo Vítor Rodrigues mostrou-se "orgulhoso, mas ao mesmo tempo consciente das responsabilidades” que este processo acarreta. O presidente da Câmara Municipal disse ser importante "começar um processo de sensibilização que é determinante para que depois as pessoas não rejeitem o modelo que estamos a procurar implementar”, nomeadamente devido aos custos que lhes sejam imputados. "Se os cidadãos sentirem que estas mudanças imputam sobre eles um custo insuportável, os cidadãos rejeitam. E bem”, acrescentou, lembrando que "a economia circular, como muitas coisas da modernidade, fica mais cara. O importante é que fique menos cara para as famílias, para que não signifiquem estratificação ou gentrificação”.
O autarca admite que "o impacto financeiro” desta nova realidade é "inevitável”, mas por isso mesmo advogou que importa "encontrar um modelo de gestão, uma boa combinação entre os fundos públicos, as famílias e os fundos europeus, para que isto seja viável”. "Temos financiamento para as viaturas, temos assunção de responsabilidades da Câmara para a operação, sabemos que isto vai onerar, mas depois faremos os ajustamentos necessários”, garantiu.
Eduardo Vítor Rodrigues destacou, ainda, que "o que está em causa é muito mais do que dois camiões. É começarmos uma experiência que nos leve a reforço de cidadania, a reforço de valorização deste serviço, a corresponsabilização. Precisamos de avançar, mas só podemos fazê-lo se avançarmos todos juntos, e o que desejo é que este seja o primeiro momento de muitos outros que vamos ter pela frente para afirmar uma cidade coesa e sustentável”, concluiu.
O que são, afinal, os biorresíduos?
Os biorresíduos ou resíduos orgânicos representam cerca de 40% do lixo que produzimos em casa. Incluem as sobras de refeições, cascas de frutas, de legumes, ovos e saquetas de chá.
Podem ser muito úteis para que possamos contribuir para uma sociedade onde a economia circular é uma realidade.
Ao separarmos estes resíduos, estamos, por um lado, a ajudar a reduzir o volume de lixo que entregamos em aterro sanitário, e, por outro, a contribuir para valorizar os biorresíduos através da produção de fertilizantes 100% naturais e da produção de energia.
Saiba tudo sobre este projeto em www.biorresiduos.onlineagem.com ou através da Linha de Biorresíduos – 800 910 229.